domingo, 8 de março de 2009

Por Amor a Che



Ana Menéndez


No seu primeiro romance, Ana Menéndez produz uma imagem íntima e espantosa da Cuba revolucionária, testemunhada por uma mulher idosa que recorda um caso amoroso com o rebelde mais impetuoso e carismático do Mundo, "Che" Guevara.
Uma adolescente cubana, criada por seu avô num subúrbio da parte ocidental de Miami, questiona-o com insistência em relação a seus pais. Uma tarde, no regresso a casa, muito depois da morte do avô, a sua decisão de abandonar a universidade e algumas viagens a Cuba com o objectivo de encontrar alguma pista dos pais, recebe um embrulho expedido desde Espanha, sem remetente e com vestígios de ter sido feito há alguns anos atrás. O estranho embrulho, composto de fotografias antigas, recortes de jornais e cartas que eram memórias soltas relembrando factos, personagens e locais emblemáticos de Havana nos anos 50 e 60. Teresa, a autora das cartas, assumindo-se como mãe da jovem descreve, entre outros pormenores, a sua relação com o esposo, Calixto de la Landre e um suposto romance secreto com che Guevara (“ Che Guevara, como se constrói uma lenda”). À medida que lê os manuscritos, a adolescente agora já adulta e de quem nunca se vem a saber o nome, vai tomando conhecimento das características fisionómicas, sociais e culturais de seus antepassados próximos, além do grande amor que a mãe nutre por ela e a justificação do que a levou à decisão de enviá-la para fora de Cuba.


Sentimentos confusos ocorrem-lhe após o visionamento do conteúdo do embrulho, incluindo uma forte vontade de o deitar fora. No entanto, a curiosidade e a obsessão em conhecer detalhes de sua família, principalmente da mãe, fazem-na retroceder no seu impulso e decide voltar uma vez mais a Havana, pelo que estabelece um plano para o qual espera poder contar, inicialmente, com o apoio de algumas personalidades residentes em Miami e que de alguma forma estejam ligadas a Cuba. Apoiada no único elo que a liga ao passado, um pedaço de papel com um poema de Pablo Neruda, Carta pelo Caminho, que o avô encontrara preso à sua roupa quando saíram de Cuba e sabendo agora o apelido paterno, contacta a doutora Caraballo, sua antiga professora de História de Cuba na Universidade de Miami. Este contacto vai deixá-la confusa, pois a professora baseada no facto de que o poema só poderia ter sido do conhecimento público em data posterior à fuga de seu avô, põe em causa a veracidade dos factos narrados nos manuscritos.



O Autor
Ana Mendendez é filha de cubanos exilados em Miami e trabalhou durante seis anos como jornalista do The Miami Herald e do The Orange County Register, na California. Fez um curso de escrita criativa na New York University, como membro do The New York Times.

Escreveu uma colecção de contos, Em Cuba eu era um pastor-alemão, que foi escolhida como Notable Book of the year do The New York Times.

Opinião
Soberbo...uma mistura de realismo mágico latino-americano e de linguagem ascética de Raymond Carver... Menéndez capta e desenvolve a beleza pesada e estranha da melancolia latina." The Times

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